#9 - Sentes as minhas mãos?

Num acto de coragem o Filipe admitiu, finalmente o que sentia por mim. Eu aos poucos e poucos fui relevando também o que sentia, mas com muita calma, pois o meu verdadeiro medo era ser rejeitada pelo meu príncipe. Eu sabia que teria a oportunidade de me encontrar com o Filipe, e o meu coração estava aos saltos, eu estava mesmo ansiosa por tal encontro.

Na noite anterior ao encontro, mal consegui pregar olho, dei voltas e voltas na cama e o que me vinha à cabeça eram os belos e cintilantes olhos do Filipe. Acordei e apresei-me a arranjar, pois para estar com o Filipe ainda teria de percorrer uns bons quilómetros. Acho que nunca olhei tanto para um relógio como nesse dia, os segundos, os minutos e as horas pareciam não ter fim. Finalmente cheguei ao meu destino e aguardava pela chegada do meu fofinho, quando de repente avistei-o ao longe e num acto voluntário levantei o meu braço e acenei-lhe. Eu estava completamente ansiosa e ao mesmo tempo nervosa, sentia o meu corpo todo a tremer e tinha as mãos completamente gélidas. Ele foi-se aproximando num passo apresado, até que estávamos a uns dois metros de distância, nessa altura senti o meu coração bater cada vez mais e mais forte, tinha a sensação que ele ia-me sair do peito. O Filipe aproximou-se mais um pouco e delicadamente deu-me um beijo na minha face, que estava pálida, tal palidez provinha de uma profunda ansiedade. De seguida caminhamos pela Avenida dos Aliados abaixo, um silêncio tinha-se instalado até o Filipe retirou qualquer coisa do bolso e disse:

-Toma Francisca, é para ti. Já pertenceu à minha mãe inclusive.

Eu abri delicadamente o embrulho e deparei-me com uma linda pulseira, fazia mesmo o meu género. Fiquei mesmo contente com aquele gesto e era uma honra utilizar algo que já pertenceu à mãe do rapaz mais querido do mundo. Foi então que eu aproximei-me dele, dei-lhe um beijo na face e disse:

- Muito obrigada Filipe, adorei.

Continuamos a caminhar, até que nos sentamos num banquinho. Conversamos e conversamos sobre tudo e mais alguma coisa, quando num impulso eu entrelacei a minha mão na dele. Senti uma forte energia, uma enorme ligação e sobretudo senti algo que nunca antes tinha sentido, amor verdadeiro. Ainda hoje sinto o toque das suas suaves mãos nas minhas, sinto o aroma do seu perfume, sinto todas as emoções partilhadas naquele dia e sobretudo sinto ainda mais afecto e amor. Lá estávamos nós de mãos entrelaçadas quando o Filipe me olhou nos olhos e eu sorri e aproximei a minha face da dele. Nisto ele aproximou a sua também e foi aí que os nossos lábios se tocaram suavemente e uniram-se e num gesto efémero partilhamos todo o nosso amor. E o que será que se sucedeu, meus amigos ?