#10 - A dois é melhor

Foi no dia 10 de Setembro de 2010 que finalmente me encontrei com a Francisca, anja protectora da minha vida, na solene Avenida dos Aliados, no Porto. É um facto que quando a avistei comecei logo por tremer pois a sua beleza afectou todos os meus sentidos (e quando digo todos, digo todos). A atracção física e emocional que tinha por tamanho poço de amor (ela) não me deixou descansar durante os rápidos vinte segundos que separaram a travessia da passadeira que me fez chegar á minha princesa. Beijei-a na face, com o soturno receio de que os seus supervisores nos avistassem. Os lábios desejam e raramente são desejados. É uma questão de os controlar. Depois de nos termos separados dos queridos tios da Francisca, fomos dar uma volta pela avenida propriamente dita, passando pela estátua da República. Tinha algo a palpitar no meu bolso. Algo que queria sair cá para fora. Retirei um pequeno pacote de cartão da algibeira e entreguei-o na suave mão da minha amada. "É da minha mãe", disse-lhe, "Ela quer que te dê. Diz que sou um menino de ouro e que deposita em ti confiança para cuidares de mim". Depois da solene risadinha que tanto me encanta na Francisca, a minha deusa beijou-me na face tão delicadamente que julgo ter corado. Paramos junto a uma esplanada e sentamo-nos num banco marmóreo. Não sabia eu que a frieza do mesmo viria a ser apagada com o súbito calor das mãos da Francisca que tocaram nas minhas. Sem saber o que fazer, acariciei-as. Nunca tinha estado em tal posição. Apenas tinha imaginado tais cenas sozinho. Mas agora sentia o calor humano da minha amada. "Eu nunca beijei uma rapariga antes", disse-lhe eu. Foi então que finalmente me foi proibido dizer a frase anterior. Foi a melhor experiência da minha tenra mas sofrida vida e á Francisca agradeço por me ter tirado a virgindade dos lábios. Percebi naquele momento que sozinho não valia a pena. A dois é melhor...