sábado, 19 de novembro de 2011

#58 - A Galeria da Saudade

Pois vejam bem, meus homólogos apaixonados, que no outro dia entrei num edíficio diferente do qual alguma vez tinha entrado. Sei eu bem que várias vezes o imaginei, o dramatizei e até fiz dele uma utopia inalcançável. E quando entrei nessa obra construída pelas misteriosas forças da memória e da mente olhei em redor para os quatro cantos que á minha frente se extendiam.


O primeiro tinha várias telas na parede e dentro das molduras banhadas a ouro estavam várias imagens que o mármore maleável do meu pensamento teimou em me fazer recordar. Ali estavamos nós, eu e ela, a minha eterna deusa. Todos os momentos que passamos juntos, cada segundo, cada fracção de tempo, cada fatorial subdividido por uma equação ínfima da memória eterna que só quem ama sabe recordar. Todos os beijos, abraços e carinhos estavam ali pintados em cores várias que, de origem levavam os afrescos a parecerem padecidos de tintas vivas. Mas agora, não obstante, a tinta começava a descascar e as imagens tornavam-se tristes por, apesar de representarem cada momento, serem de distâncias cronológicas de três ou cinco meses.


Na segunda sala vi cada presente que a minha princesa me tinha ofertado. Desde o felpudo ursinho de pelúcia do Dia dos Namorados ao pequeno coração de barro feito e pintado por minha luce aeterna do dia em que fizeramos um ano de amor fervente. Dos vídeos de mil sabores requintados feitos para mim às camisolas de bom gosto. Mas o item mais importante e belo desta colecção imemorável era sem dúvida aquele que se encontrava numa vitrina particular ao fundo da secção: o seu coração.


Quando entrei na terceira sala vi as intimidades, as pequenas situações que só um casal partilha mas variadas são as suas acepções. Cada carinho mais afectivo, cada beijo mais devasso até ao completar fervente da paixão que arde em meu coração e no coração de minha donzela.


Por fim, na última secção estava ela. A sua alma deitada numa marqueza de mármore delicadamente à espera de ser beijada. E então o fiz e fiquei feliz para toda a eternidade.


E esta é, meus amigos, a minha Galeria da Saudade.





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