#38 - Mudança ou libertação?

Dizem os sabidos da matéria que o amor faz-nos mudar pela pessoa que mais amamos. Dizem esses mesmos entendidos que mudamos para nos adaptarmos à realidade do nosso parceiro. Confesso-vos que não sendo um sabido em matéria alguma, muito menos na filosofia do amor, acreditava também no que os tais sábios dizem: na mudança. Acreditei veemente que a Francisca, minha eterna deusa aquém e além-vida, tinha mudado por minha causa. A verdade é que da forma de vestir à forma de pensar, a minha princesa parecia mudada quanto mais o marcador do calendário se afastava do dia 10 de Setembro de 2010. Estava muito mais simples do que quando a conhecera (e já era ela simples anteriormente), estava pura e extremamente natural. Para meu alívio e felicidade descobri recentemente que afinal a velha máxima de "mudar por quem amamos" estava errada. Fiquei simplesmente a saber que tudo o que a Francisca ostentava agora tinha sido algo que nunca pudera ostentar antes. Tudo por pressões externas de outras pessoas. Nunca foi livre de usar o que queria nem de dizer o que lhe apetecia. As más influências e a pressão de ameaça criaram a prisão dentro do seu coração e cérebro, se não mesmo até na alma. Mas ela diz-me comummente que eu a ajudei a libertar-se dessa pressão. Ela sempre tinha sido interiormente como era agora, simplesmente passar toda a sua vida por uma fase em que tinha sido interrompida por um vasto período de mentira quanto à sua própria pessoa. Tomem como exemplo os períodos históricos. Comparem esta situação ao Renascimento que surgiu como um movimento pós-Idade Média, retomando o homem os valores originais da cultura greco-latina. Fico feliz por ser assim um renascentista em Francisca e não um manipulador descontrolado como todas as outras pessoas foram durante vastos anos de tristeza.